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Obras da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia, que receberá o início da concretagem da primeira casa de força amanhã (17)
Foto: Marcello Casal Jr./ABr

Começa a concretagem da primeira casa de força de usina no Madeira


Mariana Jungmann/ABr
Enviada Especial

Porto Velho - A concretagem da primeira casa de força da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, terá início amanhã (17). Uma fábrica de cimento da empresa Votorantim será instalada na área das obras e atenderá também a Usina de Jirau e da própria cidade de Porto Velho, que está se adaptando aos impactos dos dois empreendimento.

A capital e o estado de Rondônia receberão algo em torno de R$ 50 milhões, por ano, pelos royalties da energia gerada pelas águas do Madeira.

Os números das obras de Santo Antônio impressionam: cerca de 12 mil trabalhadores, 800 mil toneladas de cimento, 138 mil toneladas de barras de aço e um investimento de R$ 13 bilhões.

A usina vai gerar 3.500 megawatts/hora (MW/h) de potência instalada – e cerca de 2.200 MW/h de energia assegurada. É o suficiente para abastecer 11 milhões de residências ou cerca de 30 milhões de pessoas.

A tecnologia utilizada, de acordo com o diretor do Consórcio Santo Antônio Civil (CSAC), Mauro Lúcio Pinheiro, não é nova. Consiste em um sistema de turbinas horizontais que utiliza a força de vazão do rio para gerar a energia, ao contrário do modelo mais comum no Brasil, que utiliza, em geral, a força da queda de grandes barragens.

“Esse modelo é muito utilizado na Europa e já é usado em algumas usinas no Brasil. O que nós conseguimos foi aumentar a capacidade de geração de cada turbina, de cerca de 65 MW/h para 72 Mw/h”, explica.

Serão 44 turbinas do tipo bulbo, como é chamado esse modelo de equipamento, que também é conhecido por ser mais ecológico. “A turbina deixa passar todo o sedimento fino do rio. Além disso, com ela, nós não precisamos represar grandes quantidades de água, fazer barragens que alagam áreas imensas.”

A barragem da Usina de Santo Antônio terá cerca de 14 metros de altura. Itaipu, para efeito de comparação, tem cerca de 140 m. A força das águas do Madeira já chegou a 48 mil metros cúbicos por segundo (m³/s), na maior cheia registrada no rio. O São Francisco, por exemplo, teve, no máximo, 4 mil m³/s, em sua maior cheia.

Para atender às exigências ecológicas, o projeto também reutiliza todo o material que é revolvido pelas obras. Ou seja, todas as rochas e a terra, retiradas nas escavações, são utilizadas nos aterros e na fabricação do cimento, evitando a sobra de dejetos que ficariam às margens com o fim das obras.

“Esse ano, nós ainda vamos instalar uma fábrica de reciclagem aqui no canteiro de obras, de modo que todo o lixo produzido aqui, óleo, estopas não sairá daqui”, conta Pinheiro.

Outra preocupação com o meio ambiente ainda não foi resolvida: o que fazer com os detritos sólidos maiores que descem naturalmente pelo rio. Estima-se que cerca de 1.600 troncos desçam diariamente pelo leito. “O rio não é chamado de madeira à toa”, diz o presidente da concessionária que irá gerir a usina quando estiver pronta, Roberto Simões.

Segundo ele, esse é um problema para os construtores da Usina Hidrelétrica de Jirau, que está, geograficamente, posicionada acima da Usina de Santo Antônio. “Eles estão fazendo um estudo sobre como reter esses troncos. O contrato prevê que eles não podem ser devolvidos ao rio, nem utilizados com fins lucrativos. Nós estamos auxiliando nesse estudo porque nos interessa, mas ainda não se sabe se a retenção vai causar impactos ao ecossistema do rio”, explica Simões.

Os gestores da obra explicam, ainda, que outras questões ambientais estão sendo analisadas. Eles estão monitorando, por exemplo, o comportamento de cinco espécies de bagres do Madeira, que são muito importantes economicamente na região.

Segundo o engenheiro Carlos Hugo Araújo, esses peixes têm o hábito de descer o rio quando jovens e, depois, sobem de novo. “Nós estamos observando esse comportamento para construir passagens que garantam que o peixe consiga se movimentar no rio”, explica.

Araújo minimizou o episódio no qual morreram milhares de quilos de peixes, quando eles estavam sendo transportados das ensecadeiras para o rio. “Na época, falou-se em 11 mil toneladas. Mas a maior parte foi congelada a pedido do Ibama. Perderam-se 5 mil toneladas de peixes. Mas nós transportamos mais de 100 mil toneladas. Então, acho que 5% é uma perda tolerável, tendo em vista a complexidade desse procedimento”, justificou.

No episódio, que aconteceu em dezembro de 2008, os peixes estavam sendo retirados de uma área na margem direita do rio, que foi isolada e seca para as obras. Devido a um problema na oxigenação da água, os animais não resistiram ao procedimento.

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