CIÊNCIA | EDUCAÇÃO | CULTURA | MEIO AMBIENTE | DIREITOS | TURISMO | FOTOGRAFIA | ENTREVISTA | EXCLUSIVA

Full width home advertisement

Post Page Advertisement [Top]

Imagens das áreas estudadas

Áreas desflorestadas no período de onze anos em São Félix do Xingu e Altamira são estudadas pelo Museu Goeldi

Com mais de três décadas de atividades na região amazônica, a pecuária é uma atividade que interfere diretamente no processo de ocupação da região. A conversão da floresta primária em pastagens pode causar uma série de impactos, como alterações nos ciclos bioquímicos e a perda de biodiversidade.

Buscando analisar esse processo a bolsista do Museu Paraense Emílio Goeldi, Gabriele Ferreira Monteiro, orientada pelo pesquisador Jorge Gavina Pereira, desenvolveu o estudo “Caracterização do Desflorestamento na Fronteira da Expansão da Agropecuária no Sudeste do Estado do Pará”. As áreas escolhidas para a análise foram os municípios de São Félix do Xingu e Altamira, no sudeste paraense, dada as suas relevâncias no processo de expansão da ocupação de fronteira.

O objetivo do estudo foi analisar os padrões de abertura de áreas de floresta para a expansão da fronteira agropecuária, no período de 1997 a 2008. Para desenvolver a analise, Gabriele estabeleceu como base seis unidades espaciais e utilizou dados de desflorestamento gerados pelo Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (Prodes) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), informações reconhecidas como oficiais do governo brasileiro.


Resultados
Tomada como ponto inicial de referência, é a partir da sede do município de São Félix do Xingu, que se definiram as seis unidades espaciais utilizadas na pesquisa. Divididas de forma concêntrica (circular), as unidades estão em trechos de 0- 50km, 50-100km, 100-150km, 150-200km, 200-250km e 250-300km da sede.

De acordo com a pesquisa, os resultados permitiram comparar as unidades espaciais de estudo e o comportamento do desflorestamento para cada um dos anos analisados. Na área mais próxima da cidade de São Félix, por exemplo, onde a ocupação é mais antiga, há pouca floresta e muita intervenção humana.

Uma das características analisadas pela pesquisa é de que o tamanho médio das áreas desflorestadas é maior nas unidades mais distantes. Para ilustrar essa evidência do estudo, está o fato de que, apesar da unidade espacial de 0-50 quilômetros ter 6.527 pontos de desflorestamento, esses pontos têm em média 24 hectares. Já a unidade espacial mais distante, entre 250-300 quilômetros tem apenas 48 pontos de desflorestamento, mas cada um apresenta, em média, 95 hectares.

Se as ocupações mantiverem a dinâmica que vem apresentando nos onze anos analisados, quando o segundo nível de ocupação não tiver mais áreas para serem ocupadas, o desflorestamento continuará a avançar. A pesquisa detectou que, no período analisado, a maior área desflorestada se concentra na região que fica de 50 a 100 quilômetros de São Felix, uma vez que nas áreas mais próximas a sede do município o desflorestamento foi menor, possivelmente, por falta de áreas de floresta a serem derrubadas.

Uma das hipóteses levantadas é que as áreas de florestas próximas à sede do município estão se acabando, por conta disso o desflorestamento vem crescendo em áreas mais distantes da sede do município.

A retirada da floresta interfere diretamente no clima da região, uma vez que é ele que regula diversos ciclos, como o das precipitações (chuvas). As conseqüências acontecem em cadeia, pois se a retirada das florestas interfere nas precipitações, também interferem nas secas e cheias dos rios e na drenagem das terras.

Na opinião de Gavina, “o aumento da produtividade das áreas já abertas (desflorestadas) diminuiria a pressão para a abertura de novas áreas de floresta". O orientador da pesquisa explica que “o conhecimento dos padrões de modificação da floresta para outros fins é crucial para a compreensão do processo de desflorestamento, que por sua vez, é importante para subsidiar a elaboração de políticas públicas que visem ordenar a ocupação”.


São Félix do Xingu
Município do Estado do Pará criado em 29 de dezembro de 1961, que tem como base econômica a pecuária de corte, São Félix possui o maior rebanho do Brasil com mais de 1,7 milhões de cabeças. Atualmente, além da sede, o município é constituído por quatro distritos: Taboca, Nereu, Lindoeste e Ladeira Vermelha.


Altamira
Município paraense com área de 161 584,9 quilômetros quadrados, é o maior do Brasil e do mundo em extensão territorial. O município tem como principais atividades econômicas a agricultura (arroz, cacau, feijão, milho, pimenta-do-reino), a extração de borracha e castanha-do-pará e a pecuária. Localizado na região chamada Terra do Meio localizada no centro do Pará, é uma das áreas mais importantes para conservação da sócio-biodiversidade da Amazônia, e cenário de intensos conflitos fundiários.

Nenhum comentário:

Bottom Ad [Post Page]