Falta de punição de assassinos de Dorothy aumenta tensão no campo, diz CPT
O assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang no município de Anapu (PA), há exatos cinco anos, não fez com que os números sobre conflitos e mortes no campo diminuíssem no Brasil, disse à Agência Brasil o coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Dirceu Luiz Fumagalli. Para ele, a falta de um desfecho e de punição dos principais acusados pelo crime faz com que aumente a tensão e os conflitos agrários, principalmente na Amazônia.
De acordo com dados da CPT, no ano passado 63 trabalhadores foram assassinados em conflitos agrários no estado do Pará e mais 379 sofreram ameaças de morte. Segundo a entidade, foram registradas 181 novas ocupações de fazendas no Pará, estado onde Dorothy foi morta, e mais de 30 mil famílias estiveram envolvidas nesses conflitos.
Para Fumagalli, a demora no julgamento e na condenação dos envolvidos estimula a impunidade, o que pode resultar no aumento de mortes no campo. Segundo ele, nos primeiros anos após o assassinato da religiosa, houve uma redução das mortes e dos confrontos relacionados à questão fundiária. No entanto, observou o coordenador, essa melhora no quadro foi passageira.
“A impunidade só reforça, de fato, aqueles que sempre buscaram o lucro como único objetivo nessa região”, disse.
Para ele, é preciso rever a postura do Judiciário sobre os conflitos agrários e os movimentos sociais que atuam no campo. O coordenador nacional da CPT defendeu a proposta contida no terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos de se criar comissões de conciliação para resolver problemas no campo antes de levar os casos à esfera judicial.
“Temos hoje uma dificuldade muito grande para resolver os impasses no campo. Não temos instrumentos de dialogo, supervisão, fiscalização. O Judiciário está acima do bem e do mal e isso gera dificuldade porque parece que é a solução dos conflitos é uma situação intangível", afirmou.
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