MST denuncia ação de milícia armada no campo no Pará
Caso envolve ex-deputado federal Josué Bengstson (PTB)
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) enviou uma denuncia à imprensa sobre a ação de uma milícia armada, sob o comando do fazendeiro e ex-deputado federal Josué Bengstson (PTB), que renunciou ao mandato para fugir da cassação por envolvimento na Máfia das Sanguessugas.
Segundo o MST o trabalhador rural e militante do movimento José Valmeristo Soares, conhecido como "Caribé", foi atacado, torturado e assassinado no dia 3 de setembro, em um ramal próximo à cidade de Bragança. Segundo relato de João Batista Galdino de Souza, que estava com José Valmeristo, o "Caribé", ambos se dirigiam a cidade de Santa Luzia do Pará, por volta das 9h, quando foram abordados por um grupo de três pistoleiro armados no ramal do Pitoró, que os obrigaram a entrar em um carro onde foram espancados e torturados. Após sessão de torturas foram obrigados a descer no ramal do Cacual, próximo à cidade de Bragança, com a promessa de que iriam acertar as contas. João Batista Galdino conseguiu escapar para a mata e ouviu sete disparos.
Chegando à cidade de Santa Luzia, João Batista teria denunciado o fato à polícia, que afirmou não poder ir até o local indicado por ser noite e dificilmente achariam o corpo. A direção do MST alega ter denunciado o fato à Secretaria de Segurança Pública do Pará, através de Eduardo Ciso, que afirmou que iria mandar um grupo de policiais ao local e que conversaria com o delegado do interior para tomar providências. Como nada foi feito, por volta de 10h da manhã do dia 4 os trabalhadores rurais encontraram o corpo de José Valmeristo.
Os trabalhadores rurais sem terra estão acampados às proximidades da fazenda Cambará e a reivindicam a criação de um assentamento de reforma agrária. Segundo o MST a fazenda Cambará faz parte de uma gleba federal chamada Pau de Remo e possui 6.886 hectares de terras públicas. O fazendeiro e ex-deputado federal Josué Bengstson possui títulos de somente 1.800 hectares e a promotora de Justiça, Ana Maria Magalhães, já o denunciou varias vezes. Outras denúncias também já foram encaminhadas à Ouvidoria Agrária do INCRA, Ouvidoria Agrária Nacional do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Delegacia Regional do MDA, Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Pará e Secretaria de Segurança Pública do Pará. O MST denuncia que várias ameaças de morte sofridas de jagunço e da própria polícia de Santa Luzia e Capitão Poço não demandam nenhuma providência das autoridades.
Em nota, o MST exige a prisão imediata dos pistoleiros que assassinaram o trabalhador José Valmeristo Soares, bem como dos mandantes Josué Bengstson e seu filho Marcos Bengstson, além da desapropriação imediata da fazenda Cambará para o assentamento imediato das famílias do acampamento Quintino Lira.
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