Potencial terapêutico dos animais tóxicos da Amazônia ainda é pouco estudado
Apesar da grande diversidade de animais presentes nos rios de água doce que produzem toxinas com potencial terapêutico e biotecnológico, praticamente não existem estudos sobre o tema na região Amazônica. Essa foi a conclusão do pesquisador Prof. Dr. Joacir Stolarz de Oliveira, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPa), que proferiu palestra sobre toxinas de animais aquáticos com potencial terapêutico e biotecnológico, durante o V Encontro Butantan Amazônia, que ocorre nos municípios de Santarém e de Belterra, no oeste do Pará, até o dia 15 de outubro.
Ele afirmou que o Instituto Butantan já iniciou estudos sobre tema. “Porém ainda há muito o que se fazer no ambiente de água doce da Amazônia. Temos aqui um potencial enorme ainda não estudado sobre as toxinas de animais aquáticos ”, afirmou.
Na Amazônia, é comum a incidência de acidentes causados pela ferroada de arraias ou pelo contato com esponjas aquáticas, e ambos possuem substâncias altamente tóxicas. “Poderíamos desenvolver um antídoto para combater os sintomas da ferroada de arraia que provoca dor intensa interna, hemorragias e até necroses”.
Storlarz destacou os estudos que estão sendo feitos atualmente para utilização medicamentosa de substâncias feitas a partir da toxina de animais marinhos. O tema é pesquisado atualmente por empresas americanas que já começaram a apresentar resultados. Esses medicamentos estão sendo utilizados no combate a doenças como AIDS e dores crônicas causadas pelo câncer.
“Toda toxina é um produto natural, mas nem todo produto natural é uma toxina”, sentenciou o pesquisador. Ele destacou os fatores responsáveis pelo envenenamento – causado pela ingestão de alimentos – ou acidentes ocasionados por ferroadas de animais marinhos ou aquáticos. Profissionais como pescadores, mergulhadores, agricultores ribeirinhos estão sujeitos a essas ocorrências, como também qualquer pessoa que costuma fazer refeições fora de casa ou tenham lazer em igarapés ou praias. Porém, essas substâncias presentes em moluscos, animais peçonhentos ou venenosos podem ser utilizadas como eficientes medicamentos, apesar do dano que causam à saúde, num primeiro contato.
Então como se proteger de acidentes ou desse tipo de envenenamento? Para o pesquisador é imprescindível a criação de uma política nacional do monitoramento do pescado no Brasil. “Aqui, a exemplo de outros países, também ocorrem envenenamentos pela ingestão de pescados com alto teor tóxico; porém, na maioria das vezes, esses envenenamentos são tratados como intoxicação alimentar”. Citou a toxina botulínica, que pode estar presente nos alimentos embutidos. “Quanto aos embutidos, uma simples fervura antes do consumo é eficiente”.
A programação do V Encontro Butantan na Amazônia é composta por um workshop e três simpósios realizados simultaneamente nos espaços da UFOPa, Faculdades Integradas do Tapajós (FIT) e Universidade do Estado do Pará (UEPa).
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