Museu Goeldi encontra nova espécie de réptil na Amazônia
Pesquisa foi desenvolvida pelo Museu Paraense Emílio Goeldi em parceria com o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro e a empresa Biodinâmica Engenharia e Meio Ambiente
Um novo réptil foi encontrado pelos pesquisadores da Coordenação de Zoologia do Museu Goeldi Marinus Hoogmoed e Wáldima Rocha; Roberta Pinto do Departamento de Vertebrados do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro; e por Emiliane Pereira da empresa Biodinâmica Engenharia e Meio Ambiente.
A nova espécie de réptil denominada Mesobaena rhachicephala faz parte da família Amphisbaenidae e tem hábitos fossoriais. Adaptada para escavar o solo, a espécie foi encontrada no início de 2008 pela equipe do herpetólogo Marinus Hoogmoed na Calha Norte paraense, região ao norte do Rio Amazonas, no Pará, que faz fronteira com Suriname e Guyana.
A nova espécie é distinta da maioria dos Amphisbaenidae sul-americanos por ter uma cabeça pontuda cônica, além de ser o único gênero no norte da Amazônia que tem uma cabeça diferenciada da ponta da cauda. Todas as outras espécies na região das Guianas têm cabeças e pontas de cauda arredondadas, sem outros recursos especializados como os apresentados pela Mesobaena rhachicephala.
A Mesobaena rhachicephala foi descrita no artigo intitulado “A New Species of Mesobaena Mertens, 1925 (Squamata: Amphisbaenidae) from Brazilian Guiana, with a key to the Amphisbaenidae of the Guianan Region” publicado na revista científica Herpetologica e apresenta “uma chave” para identificar a nova espécie. As chaves são ferramentas para distinguir espécies de um grupo ou de uma área, e segundo Hoogmoed representam uma maneira fácil para identificar as espécies de um grupo.
De acordo com o artigo, os pesquisadores envolvidos descreveram uma nova espécie do gênero Mesobaena que até então era monotípico. Segundo Hoogmoed, “essa foi uma pesquisa taxonômica; nos preocupamos com os aspectos morfológicos externos do animal. Não queríamos sacrificar nenhum exemplar para obter informações biológicas internas porque só tínhamos três exemplares”.
Anfisbena – Esse é o nome genérico de répteis escamados popularmente conhecidos no Brasil como “cobra-de-duas-cabeças”, por terem a cauda arredondada, quase no mesmo formato da cabeça. Esses animais são também conhecidos pelos nomes populares: bicara, ibijara, licranço, mãe-de-saúva, rei-das-formigas e ubijara.
As Anfisbenas formam, com os lagartos e serpentes, o grupo dos Squamata que, junto com as tuataras (um grupo que só ocorre na Nova Zelândia), os quelônios e jacarés representam os répteis atuais.
Único grupo de répteis onde todas as espécies são adaptadas à vida subterrânea, a Anfisbena cava seus próprios túneis, utilizando-se de seu crânio bastante duro em movimentos de um lado para o outro. Ela possui hábitos subterrâneos e é carnívora, alimentando-se de pequenos insetos que penetram em seus túneis, e também, com menos frequência, caça na superfície. Apesar de poder reagir agressivamente e possuir uma forte mordida e dentes afiados, a anfisbena não é peçonhenta.
A revista Herpetologica é publicada pela Herpetologists’ League, organização internacional de cientistas dedicados ao estudo da herpetologia - a biologia de anfíbios e répteis. A Herpetologists’ League publica duas revistas acadêmicas, a Herpetologica, que é trimestral e contém artigos, ensaios e resenhas; e o suplemento anual Herpetological Monographs, que apresenta artigos mais extensos, sínteses, e conteúdos de simpósios especiais.
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