Pesquisadores mapeiam etnias e resgatam histórico de resistência indígena no Baixo Tapajós
Prof. Marcos Vinícios (UFPA); Profa. Judith Vieira (UFOPA);
Profa. Solange Galhoso (UFPA); Fabíola Pinheiro (colaboradora do projeto).
Durante a cerimônia de formatura dos alunos dos cursos de
línguas indígenas nheengatu e mundurucu, realizada no último dia 5, no
auditório do Câmpus Amazônia da UFOPA, em Santarém (PA), aconteceu o lançamento
da publicação “Resistência e Mobilização dos Povos Indígenas do Baixo Tapajós”,
que contém informações organizadas sobre os povos indígenas de 55 aldeias
localizadas em quatro municípios da região Oeste do Pará: Aveiro, Belterra,
Santarém e Mojuí dos Campos.
“Além de informações sobre quem são os povos indígenas, onde
eles estão localizados, que tipos de problemas enfrentam e sobre a demarcação
das terras indígenas nessa região, a publicação traz também vários depoimentos
das lideranças indígenas sobre as situações vivenciadas nas terras indígenas,
além de um mapa de localização das terras indígenas e dos conflitos”, informa a
professora da UFOPA, Judith Vieira, que participou do projeto.
A publicação é resultante de uma pesquisa realizada no
período de 2010 a 2013, pelo projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, em
parceria com o Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (Cita) e universidades
públicas da região. “É uma publicação voltada para ser um instrumento nas mãos
das lideranças das aldeias nas terras indígenas. É um documento público que
será distribuído nas aldeias e para as organizações que trabalham com os
indígenas”.
Além da parceria com a Universidade Estadual do Amazonas
(UEA), a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a UFOPA, a iniciativa teve
financiamento do Fundo Amazônia, que desenvolve ações destinadas a valorizar
iniciativas de combate ao desmatamento da Amazônia. “Esse projeto parte da
premissa de que os povos indígenas desempenham um papel fundamental na
contenção das frentes de expansão de desmatamento na região”, afirma Judith
Vieira.
Para a professora Solange Galhoso, da UFPA, uma das
coordenadoras do projeto, o caderno trata do registro sobre o processo de
resistência e mobilização dos indígenas do Baixo Tapajós. “É resultado de um
trabalho que estamos fazendo com o Cita, desde 2010, e agora saiu a primeira
publicação. Vamos continuar o trabalho com o Conselho nesse ano de 2015 para
fazer o mapeamento dos territórios indígenas”.
Segundo Solange Galhoso, o projeto Nova Cartografia Social
da Amazônia, que se iniciou em 2005, é executado por uma rede de professores e
pesquisadores de universidades públicas federais e estaduais brasileiras e da
Pan-Amazônia. “São várias equipes de professores espalhadas pelo Brasil e na
Amazônia; temos feito o trabalho de cartografia em todos os estados da região”,
explica. “O nosso trabalho é desenvolver a autocartografia social. Construímos
mapas cartográficos, a partir das representações dos grupos mobilizados.
Trabalhamos principalmente com povos e comunidades tradicionais e também
movimentos sociais de áreas urbanas”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário