Pesquisadores têm trabalhado com metodologias de nano e microencapsulamento para aumentar a proteção residual do repelente, permitindo a liberação controlada quando em contato com a pele humana
Uma pesquisa desenvolvida em parceria do Laboratório de
Simulação Computacional e Desenvolvimento de Ferramentas Científicas da
Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) com o Laboratório de Planejamento
e Desenvolvimento de Fármacos da Universidade Federal do Pará (UFPA)
identificou potencial repelente em compostos químicos de óleos essenciais de
plantas aromáticas.
A pesquisa é resultado da tese do professor Kauê Santana da
Costa, vinculado ao Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef) da Ufopa, e
combinou abordagens de triagem virtual usando como ponto de partida 1.633
compostos oriundos de óleos essenciais de 71 famílias botânicas.
A pesquisa encontrou o potencial repelente de compostos
oriundos de diversas espécies botânicas, incluindo Lippia thymoides (conhecida
como alecrim-do-mato ou alecrim-do-campo) e Lippia gracillis (alecrim-da-chapada
ou alecrim-de-serrote); no entanto, segundo o pesquisador, os constituintes são
encontrados em muitas outras espécies e não têm uma origem específica.
Os resultados da pesquisa podem facilitar o desenvolvimento
de novos repelentes com maior potencial de inibição do reconhecimento olfativo
de insetos. Os repelentes podem ser desenvolvidos para um amplo campo de ação
de espécies de mosquitos, em especial para os de relevância médica, que são
vetores de doenças humanas, como: Aedes aegypti, transmissor da
dengue, da chicungunha, da zica e da febre amarela; Culex
quinquefasciatus, conhecido como pernilongo, muriçoca ou carapanã,
o vetor primário e principal da chamada elefantíase,
caracterizada por inchaço e engrossamento da pele; e Anopheles gambiae,
transmissor da malária.
Os repelentes produzidos com base em compostos naturais,
como estes que podem ser desenvolvidos a partir de óleos essenciais, são
biodegradáveis e pouco tóxicos ao meio ambiente. Os pesquisadores têm
trabalhado com metodologias de nano e microencapsulamento que visam ao
desenvolvimento de novas formulações repelentes para aumentar a proteção
residual do repelente, permitindo a liberação controlada quando em contato com
a pele humana.
A pesquisa tem apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e
Pós-Graduação (PROPESP) da UFPA, do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), do Laboratório Nacional de Computação
Científica (LNCC) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), e resultou em publicação na revista da Sociedade Americana de
Química.
Leia o artigo completo:
Sobre o laboratório
Os docentes do Laboratório de Simulação Computacional e
Desenvolvimento de Ferramentas Científicas da Ufopa estão trabalhando com a
exploração de fontes naturais de pequenas moléculas de compostos oriundos da
biodiversidade amazônica. Em parceria com o Grupo de Fármacos da Universidade
Federal do Pará (UFPA) e com os pesquisadores do Laboratório Dr. Adolpho Ducke
do Museu Paraense Emílio Goeldi, têm sido aplicadas simulações computacionais
que envolvem modelagem molecular e bioinformática com o propósito de descobrir
propriedades farmacocinéticas, farmacodinâmicas e de toxicidade destes
compostos que permitam suas aplicações farmacêuticas, cosméticas e
agroquímicas.
Confira mais informações sobre o Laboratório de Simulação Computacional.
Outras publicações do grupo sobre óleos essenciais podem ser
consultadas aqui:
- https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0041010121000738
- https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/14786419.2021.1893724
Texto: Rosa Rodrigues — Comunicação/Ufopa
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