Fortes ventos trazem toneladas de poeira
do Saara para a Amazônia,
mostra Nasa
A transferência de poeira do deserto do Saara para a
floresta Amazônica já era conhecida pela ciência, mas, pela primeira vez,
cientistas conseguiram mensurar o volume de material transportado. Em novo
vídeo divulgado pela NASA com dados coletados do satélite Calipso, nuvens
densas de pó deixam o deserto e atravessam o oceano Atlântico até chegar à
floresta amazônica.
Segundo a agência espacial americana são 182 milhões de
toneladas de poeira a cada ano, o suficiente para abastecer 690 mil caminhões.
Parte dessa poeira, 27 milhões de toneladas, recai sobre a bacia amazônica.
Lançado em 2006, o Calipso tem como objetivo estudar nuvens
e o impacto de emissões aerosol no clima do planeta. Os instrumentos a bordo do
satélite enviam pulsos de luz que analisam partículas na atmosfera e recebe os
resultados, distinguindo a poeira de outras partículas de acordo com
propriedades óticas.
É a primeira vez que a NASA quantifica em três dimensões o
quanto de pó é “transportado” nessa viagem. O vídeo é resultado da condensação
dos dados coletados de 2007 a 2013.
"Sabemos que a poeira é muito importante em muitos
aspectos. É um componente essencial do sistema da Terra. A poeira vai afetar o
clima e, ao mesmo tempo, as mudanças climáticas afetarão a poeira", disse
Hongbin Yu, cientista atmosférico da Universidade de Maryland, que trabalha no
Goddard Space Flight Center da Nasa em Greenbelt, em Maryland, EUA.
— É um mundo pequeno — disse Yu. — E todos nós
estamos conectados.
Entender essa viagem transcontinental, segundo cientistas, é
importante uma vez que esta areia também transporta fósforo, um nutriente rico
para plantas. Considerando que a região tropical brasileira não é naturalmente
abundante em fósforo, a areia do Saara poderia ser essencial para a diversidade
e manutenção da floresta.
Yu e sua equipe focaram no transporte de poeira entre a
África e as Américas por ele ser o maior do mundo. O espaço de sete anos de
dados coletados, apesar de curto para análises de longo prazo, é muito
importante para o entendimento de como a poeira e outros aerossóis são
transportados pelo planeta, opina Chip Trepte, cientista do programa Calipso,
mas que não participou da pesquisa.
— Nós precisamos de dados históricos para entender um padrão
consistente de transporte de aerossóis — disse Trepte.
Apesar dos poucos anos de estudo, foi possível perceber uma
variação de 86% no volume máximo transportado, em 2007, em relação ao menor
volume, em 2011. Ainda é cedo para apontar as causas, mas os pesquisadores
encontraram uma correlação com a intensidade das chuvas no Sahel, na região sul
do deserto. Quando as chuvas aumentam, o transporte no ano seguinte é menor.
Veja a viagem que a poeira do Saara faz até depositar seus
nutrientes na floresta amazônica, recriada pela NASA em um vídeo 3D:
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