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Dados sobre a cadeia alimentar dos peixes e seus predadores nos rios Tapajós e Tocantins podem contribuir no entendimento e monitoramento das mudanças que ocorrem nos ambientes onde vivem esses animais.

Pescadores da bacia amazônica podem contribuir na preservação de recursos e de ecossistemas pesqueiros.    Foto: Edvaldo Pereira / Amazônia em Foco
Um estudo envolvendo pesquisadores da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) mostra que o conhecimento dos pescadores sobre a cadeia alimentar de peixes e predadores é de fundamental importância para compreender as interações tróficas e produzir dados eficazes sobre os peixes e os seus principais predadores nos rios Tapajós e Tocantins, na Amazônia brasileira. 

De acordo com a pesquisa, ambientes de água doce estão entre os mais alterados e ameaçados do mundo.

Segundo o estudo, o conhecimento dos pescadores podem ser incorporadas ao manejo e conservação dos recursos naturais, especialmente em espécies e ecossistemas ameaçados pela atividade humana e que carecem de dados ecológicos. A pesquisa só comprova o enorme conhecimento que pescadores têm sobre os peixes e suas interações ecológicas com outras espécies e todo o ecossistema.

Informações obtidas em entrevistas com 98 pescadores corresponderam com modernas análises de isótopos estáveis de 63 amostras de peixes, revelando fontes de informações até então desconhecidas da literatura científica sobre animais predadores. Dados sobre os níveis tróficos, ou seja, a posição que peixes e predadores ocupam nas cadeias alimentares, podem contribuir para compreender e monitorar as mudanças que estão ocorrendo nos ambientes.

Para Gustavo Hallwass, professor da Ufopa lotado no campus Oriximiná, um dos participantes da pesquisa, “esse trabalho novamente comprova o enorme conhecimento que pescadores têm sobre os peixes e suas interações ecológicas com outras espécies e todo o ecossistema. Esse conhecimento tradicional é passado através das gerações e pode ser considerado um patrimônio cultural das populações ribeirinhas amazônicas, devendo ser respeitado, preservado e considerado em políticas públicas relativas ao manejo e conservação dos recursos naturais”.

Uma das pesquisadoras que liderou o estudo, a doutoranda em Ecologia Paula Pereyra (UFRGS), explicou a metodologia do trabalho: “Nós realizamos análises químicas, chamadas de ‘análise de isótopos estáveis’, técnica que mede o nível trófico dos peixes em laboratório, que seria a posição que eles ocupam nas teias alimentares. Além disso, a partir de entrevistas, fizemos cálculos, baseados nas informações do conhecimento dos pescadores, e comparamos com os dados obtidos através das informações das análises realizadas em laboratório”.

O resultado, segundo a pesquisadora, é que os pescadores têm conhecimento muito detalhado a respeito da biologia dos peixes. “Os dados que os pescadores informaram foram muito próximos ao compararmos com a análise química. Por que é importante conhecermos os níveis tróficos? Porque estão ocorrendo muitas mudanças nos ambientes e, a partir das interações tróficas entre os organismos, nós podemos avaliar e detectar essas mudanças”, afirmou, ao acrescentar que existem pouquíssimos estudos, especialmente sobre os predadores: “Estudos sobre os recursos alimentares de predadores maiores são de difícil obtenção, a exemplo dos botos, ameaçados de extinção”.

A pesquisa, ainda segundo Paula Pereyra, foi uma forma de aprender mais sobre o ambiente e os organismos que o habitam. “A ideia foi avançar no conhecimento a respeito das mudanças ambientais, especialmente em rios da Amazônia que requerem estudos, como o Tocantins, um dos mais modificados por ações antrópicas na bacia Amazônica, e o Tapajós, que já sofre com a ação dos garimpos ilegais, além de projetos de hidrelétricas que estão para serem implementados. Todos esses fatores podem influenciar os peixes, os predadores e consequentemente as populações ribeirinhas que dependem dos peixes para alimentação”, finaliza.

Além de Paula Pereyra, a pesquisa também foi liderada pelo professor Renato A. M. Silvano (UFRGS), e contou com a participação do professor Gustavo Hallwass, da Ufopa/Oriximiná, e do professor Mark Poesch, da Universidade de Alberta (Canadá).

Com informações da Assessoria de imprensa da Ufopa.

Link para o artigo, publicado na revista Fronteirs in Ecology and Evolution.

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